30 de outubro de 2014

Pequenas Aventuras 35



era liberta, solta, aquela moça
sempre fazendo o que lhe dava na cabeça
em busca de algo que a fizesse voar cada vez mais longe
então, certo dia, se descobriu prisioneira
em fios invisíveis
um emaranhado sem fim
não sabia do início e nem da ponta que lhe prendia em tal embolo
por muito tempo tentou se desvencilhar
mas foi vencida.
agora nadava ela própria, sozinha, desistida de lutar.
prisioneira de si.



[Ana Sixx]



29 de outubro de 2014



IX

o sopro da memória
é ventania dentro do teu sonho.
eu passo entre pétalas de ouro
e o vestido brilha
a minha ausência.
os teus olhos
tentando desenhar meu rosto
meu corpo
aquilo que se dissipa
deixaram escapar
as migalhas do último pão repartido
entre nós dois.
aquele pão, estrela de mil sóis.


[da série Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: Tania Lyons


28 de outubro de 2014

Pequenas Aventuras 34




a dureza do teu silêncio
aperta
corta
esfola
mata!


[Ana Sixx]





27 de outubro de 2014

Coração Valente !!


E finalmente, acabou-se o período eleitoral....
Nunca se viu, uma eleição tão disputada e tão feroz...
As redes sociais cumpriram seu papel, tanto na divulgação dos fatos, já que é impossível nos informamos com a mídia completamente parcial que está estabelecida no país, como também, colocando-nos a par de toda a nojeira existente dentro do ser humano.
Machismo, Homofobia, misoginia, xenofobia...olha teve um pouco de tudo.
Triste é você, ver naqueles que sempre admirou esse tipo de coisa...Bem, de qualquer forma, é bom sabermos quem somos, é a hora da verdade. Agora eu sei....tô muito mais ligada nas pessoas e nos seus potenciais destrutivos.

Não sou ptista, embora muitos acreditem que eu seja (aliás, cago meia tonelada pra essas pessoas), mas nada posso fazer se os candidatos que alinham o pensamento com o meu estão no PT, ou em outros partidos de esquerda. 
Sei das falhas, sei do monte de coisa que ainda tem que ser feito, não sou cega, nem louca, mas também vejo a quantidade de coisas que foram feitas nesses 12 anos, e só uma pessoa muito alienada para não admitir isso.

Meu voto sempre será pela desigualdade social, SEMPRE, eu quero sim, que nosso Brasil cresça economicamente falando, mas jamais em tempo algum, que seja passando por cima ou simplesmente ignorando uma parcela gigante da população. Isso pra mim é inconcebível!!!
Finalmente um governo, que olha para essas pessoas, que sempre, SEMPRE foram ignoradas, e isso pra mim é tudo.
Daí o povo vem com um papo de que é populismo, que é uma forma de prender o eleitorado e ter sempre votos certos. Mas, peraí, então nunca deve ser feito nada por essas pessoas? Porque qualquer governante que faça esse tipo de trabalho, vai sim ter a admiração do povo e consequentemente terá sim, seus votos justos. As pessoas vão votar em quem está fazendo, efetivamente, e não em quem diz fazer algo....
Tenho certeza que se as obras fossem do outro lado, eles estariam sim usando seus trabalhos para poder ganhar a eleição, só um idiota não faria isso...

Saímos do mapa mundial da fome, quer coisa mais maravilhosa?

Enfim, tenho lido os maiores absurdos nas redes sociais, coisas que realmente me envergonham, mas enfim, vida que segue, tenho a consciência tranquila que fiz uma campanha positiva em prol da reeleição da Dilma Rousseff. 
Votei pela desigualdade social, que ela continue diminuindo, tirando cada vez mais, brasileiros, seres humanos como eu e como você da miséria.

Estou de olho, voto consciente, voto com admiração pelo que a Dilma representa.
E agora, são mais 4 anos, torcendo muito para que tudo dê certo.
Reforma política já!!

Viva o povo brasileiro!
Força Dilma, coração valente!!




21 de outubro de 2014


VIII

o relâmpago que sorri
na noite escura
do teu sonho
não sou eu.
de nada adianta
compor um mapa
com as linhas esgarçadas
que restam do vestido.
a ausência é outro nome
para estar perdido.
eu sou uma nuvem
um pássaro
um desenho
que se apaga lentamente.


[da série: Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: sem autoria definida


20 de outubro de 2014


VII

esquecer o meu nome
esquecer o meu cheiro
e todos os vestígios
da minha passagem
pelo teu sonho.
em tuas mãos
no entanto
as pérolas
e as linhas
que desfazem a trama
do vestido.
em tuas mãos
no entanto
quase a memória
de quem fui eu.


[da série: Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: Louise Richardson




19 de outubro de 2014


VI

esses passos 
esses vestígios
que recolhes do chão
do teu sonho
fui eu que espalhei.
era pra ser um jogo
essa ausência.
era para ser mentira
esse relâmpago no horizonte.
recolhe com cuidado
os colchetes, os botões
a barra de renda tão fina
que se esvai como uma nuvem.
recolhe com cuidado esse vestido desabitado.
em outro sonho eu transito nua.


[da série: Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: Maira Kalman


18 de outubro de 2014


V

habitar o teu nome, 
eis toda memória.
habitar o teu nome,
como o fermento habita o pão.
a costura se desfaz lentamente,
mas o vestido persiste.
sou eu que caminho lentamente
sobre a superfície do teu sonho.


[da série: Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: Anne Ferran



17 de outubro de 2014


IV

toda tempestade é um esquecimento
neste lugar
estive eu um dia
eu e minhas mãos
minha pele
meu sorriso sobreposto
a outros sorrisos que também eram meus.
o vestido abandonado
encontrado no teu sonho
ainda me pertence.


[da série: Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: Linda Plaisted

16 de outubro de 2014


III

esquecer o tom da minha voz
a pele contra a pele
minha mão sobre a tua
o vestido evanescente
num cabide da memória
se agita sobre o alísio
e confirma que um dia estive aqui.
pão geléia o uivo do cachorro
essa vida fora de mim e de você.



[da série: Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: Linda Plaisted


15 de outubro de 2014


II

pérola por pérola
os botões caíram
as costuras se desfizeram.
eu não estou aqui
dentro do teu sonho
eu não estou aqui
dentro do teu peito.
a ausência é aquele cometa
que passa brilhante
na órbita de um vestido inabitado.



[da série: Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: Diana Brennan

14 de outubro de 2014


I

eu estive aqui, nesse pedaço
da tua memória
em que restam agora apenas
as migalhas do pão que repartimos
as risadas que nos demos
e o vestido azul e florido
de que você gostava tanto.
não há fotografia que me possa recompor
e outro relâmpago rasga o horizonte.


[da série: Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: Linda Plaisted


Nesses dias vou compartilhar uma série de poemas da minha querida Micheliny, que me tocaram profundamente...um pouco de mim nessas linhas.




13 de outubro de 2014

Como lidar?


Como que fazemos numa situação dessas?
O que leva uma pessoa a não aceitar uma amizade, uma atenção, uma troca?
Tipo, sem argumentação, uma relação que poderia ser altamente proveitosa em termos de vivência, de atenção, de alegria, de tantas coisas legais e a pessoa se nega total a isso. 
Jogar algo tão precioso no lixo novamente....
Num silêncio ensurdecedor....
Daí a gente começa a elaborar muitas coisas e tentar entender, o que se passa pra esse tipo de coisa acontecer. E acaba pensando, que a vida tá deixando mesmo as pessoas muito esquisitas....medrosas...covardes....
O que leva uma pessoa a isso? Alguém tem uma explicação boa pra isso?

Daí que podemos pensar/julgar a pessoa de qualquer forma, porque na verdade, essa pessoa está pouco se fudendo se você achará isso ou aquilo dela.

Eu queria ter o dom de conseguir faxinar da minha cabeça e excluir do meu coração, juro que queria....
Mas não sou assim...quanto mais eu penso, menos eu entendo...e mais eu penso, e vou vivendo num ciclo de rejeição que me parece não acabará nunca.

Só acho que é o MEDO, as vezes a pessoa tá tão submersa nele que simplesmente não consegue se movimentar....Lamentável...

Como lidar com isso?
Como?