31 de agosto de 2017

31, Tchau!



Finalmente, hoje termina mais um agosto, não sei quantos mais terei pela frente, mas esse foi-se. Um mês de tristeza, de lembranças ruins, tenho sempre a sensação que dura uma eternidade...
Completando hoje 23 anos que passei por uma perda sem tamanho, e que alterou de forma definitiva toda a minha vida.
Jamais esquecerei, imagens...palavras...tudo passa rapidinho como um filminho na memória.

Palavra sabe ser faca...

A postagem hoje é só pra dizer isso, falar daquilo que não se pode alterar e que vai ser sempre uma dor infinita no peito.

Tchau Agosto, até ano que vem.
Que venha mais um lindo setembro pra encher meu coração de alegria e leveza!

17 de fevereiro de 2017

Diadorim



Aquele lugar, o ar.
Primeiro, fiquei sabendo que gostava de Diadorim - de amor mesmo mal encoberto em amizade.
Foi de repente, que aquilo se esclareceu: falei comigo.
Não tive assombro, não achei ruim, não me reprovei - na hora.
Melhor alembro.
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O nome Diadorim, que eu tinha falado, permaneceu em mim. Me abracei com ele. Mel se sente é todo lambente - "Diadorim, meu amor..." Como é que eu podia dizer aquilo?
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E como é que o amor desponta.
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Coração cresce de todo lado. Coração vige feito riacho colominhando por entre serra e varjas, matas e campinas. Coração mistura amores. Tudo cabe.
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E eu - como é que posso explicar pro senhor o poder de amor que eu criei? Minha vida que o diga...Diadorim tomou conta de mim
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E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais do que antes, com meu coração nos pés, e dele o tempo todo eu tinha gostado. Amor que amei - e daí então acreditei.
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Um Diadorim só para mim. Tudo tem seus mistérios. Eu não sabia. Mas, com minha mente, eu abraçava com meu corpo aquele Diadorim - que não era de verdade. Não era?
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Diadorim deixou de ser seu nome, virou sentimento meu.
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Aquilo me transformava, me fazia crescer dum modo, que doía e prazia. Aquela hora, se eu pudesse morrer, não me importava.
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Eu direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na idéia, querendo e ajudando; mas quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer. Amor desses, cresce primeiro; brota é depois.
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Tudo turbulindo. Esperei o que vinha dele. De um aceso, de mim eu sabia: o que compunha minha opinião era que eu, às loucas, gostasse de Diadorim.
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no fim de tanta exaltação, meu amor inchou, de empapar todas as folhagens, e eu ambicionando de pegar em Diadorim, de carregar Diadorim nos meus braços, beijar, as muitas demais vezes, sempre.
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Abracei Diadorim, com as asas de todos os pássaros
Diadorim é minha neblina
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amor é a gente querendo achar o que é da gente.


(Guimarães Rosa - Grande Sertão Veredas)