29 de novembro de 2014


Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(Anoite como fera se avizinha)

Aflição de se água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

(Hilda Hilst)

Imagem: Bananal/SP

28 de novembro de 2014

Pequenas Aventuras 39



sou metade completa
de mim
de ti
de nós.


[Ana Sixx]

23 de novembro de 2014

De saudade e suor



Antes dele partir
Para a areia
A pobre
Sereia
Costurou-lhe um
Colar de águas

Nunca mais se viram
Ela nunca mais cantou

Ele bebeu
Até morrer
Além das contas.


(Adriane Garcia)

22 de novembro de 2014



XIV

tudo no teu sonho
se desfaz:
estrelas minúsculas
do último pão repartido
entre nós
as ruas molhadas 
da cidade
o vestido
essa gaze desfeita.
só a minha mão sobre a tua
permanece.


[da série Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: John Albok


21 de novembro de 2014


XIII

esse vestido vazio
inabitado de mim
guarda em suas costuras
quase desfeitas
as faíscas de um passado
que não se recompõe.
há muito está perdido
o meu rosto
estilhaçado em fractais.
o que não se perde
porém
é o que sentes na pele
e não sabes o que é.


[da série Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]


Imagem: Emma Hesse

20 de novembro de 2014


XII

o esquecimento
é uma estrela fria.
juntas as linhas
os caminhos da costura
as pérolas
todos os pedaços
do vitral do meu riso.
e quase consegues
que meu corpo habite
esse vestido de névoa
e sal que tens entre as mãos.
o relâmpago risca o breu da noite
e não, não sou eu dentro do teu sonho.


[da série Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]


Imagem: Louise Richardson

19 de novembro de 2014


XI

nenhum desses rostos
é meu.
apenas o vestido
que como nuvem
se desfaz em tuas mãos.
apagar toda a memória
da minha pele sobre a tua
as linhas e rastros e vestígios
de minha passagem
pelo teu sonho.
o que sorri no céu
é um relâmpago
mas ele não tem meu nome.


[ da série Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]

Imagem: Louise Richardson

18 de novembro de 2014


X

o que sobrou do vestido
são estes resquícios
pedaços de uma memória
que lentamente se esvai.
pérolas colchetes
a tua mão desfazendo o laço:
mínimo mundo
possível apenas
na órbita dessa ausência.
ah, e o pássaro do teu riso
que quase trouxe comigo
roubado
de dentro desse teu sonho.


[da série Vestidos Vazios, de Micheliny Verunschk]


Imagem: Louise Richardson

17 de novembro de 2014

Filmes 1 !

Meu final de semana foi bem corrido, só consegui assistir na Netflix, esse aqui.
Por sinal, gostei muito. Vale a pena conferir!

Nessa semana acho que meto o pé na jaca, porque vai ter um feriadão e eu terei meu tempo mais livre.
Vamos ver....




16 de novembro de 2014

Pequenas Aventuras 38



adoçar a boca
de quem
a minha boca 
adoça.

                                                                 para meu Binho


[Ana Sixx]



Imagem: Arquivo Pessoal (doce de coco que fiz para Binho na sexta-feira passada)



14 de novembro de 2014

Pequenas Aventuras 37


fecha ciclo
365
ciclo
dor
ciclo
amor
ciclo
ausência
ciclo
presença
fechado o círculo.
eternidade.
saudade.
vazio.
círculo.
fim.

[Ana Sixx]

13 de novembro de 2014

Tratado Geral das Grandezas Infinitas



A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.

(Manoel de Barros)


E hoje o escritor Manoel de Barros, subiu estrela, porque estrela ele já era.
Viva Manoel de Barros!!




12 de novembro de 2014

Filmes !!

Eu sempre curti muito ver filmes, mas desde que minhas meninas nasceram, o tempo e o saco foram para o espaço.
Sempre exausta, dias cansativos, e quando chega aquele horário que temos para fazer o que curtimos, caindo de sono pelo sofá. Eu gosto de ver um filme com calma, em silêncio, saborear cada cena, enfim, era impossível fazer isso com as meninas me solicitando a cada 5 minutos.
Elas ainda fazem isso, mas agora como estão maiorzinhas, já canto a real, e peço para que pelo menos no horário que consigo sentar pra ver um filme, elas brinquem sossegadas, tem dado certo, rs

Pegamos um plano melhor na internet (a nossa é uma bosta e caríssima), e com isso pudemos assinar a NETFLIX. Cara, quando entrei, e fui vendo os filmes, a quantidade..tantos filmes que já ouvi falar, e nunca consegui assistir. Resultado, fiz uma lista giga de filmes para ver e rever, sim ainda tem isso, adoro rever alguns filmes.

Pois então, agora quando assistir algum filme legal, vou postar aqui, para que de repente sirva de sugestão para quem passeie por esse blog.
Vou colocar na ordem vista até agora, e marcar também os que revi, amei todos, maravilhosos!
Vcs reparem que em quase 3 meses de NETFLIX, e eu só consegui assistir 6 filmes, ahahhaahahah

Bom Filme pra vocês!




*esse foi revisto*








3 de novembro de 2014

Pequenas Aventuras 36

naqueles dias 
ela 
amanhecia
 e adormecia
água
salgada.

[Ana Sixx]




Veio pra mim
Em cor de vento
Pintou um céu em mim
E fez tormento
E sem se despedir
Voou pra lá
Não quis mentir
Nem explicar
E eu aqui fiquei em ar suspenso

Não sei mais o que sentir, amor
Não sei mais o que pensar, amar
O mar choveu em mim, amor
E te lavou de mim, amar

Mas eu não esqueci, amor
Só transformei você, amar
O mar choveu em mim, amor
E te levou de mim pro ar.

(Mariana Volker)



2 de novembro de 2014

Andrea Doria



Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo
Teríamos o mundo inteiro
E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro

Mas percebo agora que o teu sorriso
Vem diferente quase parecendo te ferir

Não queria te ver assim
Quero a tua força como era antes
O que tens é só seu, e de nada vale fugir
E não sentir mais nada

Ás vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto
Até chegar o dia em que tentamos ter demais
Vendendo fácil o que não tinha preço

Eu sei é tudo sem sentido
Quero ter alguém com quem conversar
Alguém que depois não use o que eu disse 
Contra mim

Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada 
Que eu segui e com a minha própria lei

Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também.

(Legião Urbana)