Nesses 4 anos que estou envolvida com o tema, Parto Humanizado, tenho visto de tudo.
É muito triste ver o alto índice de cirurgias que se fazem para trazer a vida um ser humano.
É muito triste ver, que as pessoas, consideram cesárea (a cirurgia) como opção de parto.
É muito triste ver as pessoas, serem enganadas descaradamente por certos médicos, e ainda
acharem que elas e seus filhos foram salvos.
Nossa, isso me dói profundamente....
A maioria das pessoas que conheço, acham simplesmente natural recorrer a isso.
E me acham louca, não dizem, mas eu vejo nos olhos das pessoas...
Louca por achar que o correto é o parto natural.
É o bebê nascer pelo local que fisiologicamente existe, entre outras coisas, para parir.
Acham desnecessário passar por uma grande "dor", se podem fazer isso de forma muito mais tranquila...
Que tolice...
Enfim, eu sei o que ganhei, ao escolher o tipo de parto, que é um só, o vaginal !
Agora essas pessoas que fazem essa péssima escolha, nem sonham com o que perderam...
Tento fazer meu trabalho de formiguinha, contando minha estória, explicando para aquelas que procuram saber, que tentam sair desse ciclo vicioso, que parir é bom demais!
Um dia quem sabe, essa consciência do corpo predomine.
E as mulheres, finalmente possam protagonizar sua vida, definitivamente.
Esse texto é maravilhoso...
Bjs, e vamos refletir!
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A Mamãe Pata vê eclodir nove dos seus dez ovos. O décimo demora a se quebrar. Aflita, Mamãe Pata chama o Pato Obstetra. Com toda sua sabedoria, o Pato Obstetra vem avaliar o ovo. Ele não se preocupa em conversar com a Mamãe Pata para obter informações.
Talvez, se ele tivesse feito algumas perguntas, teria desconfiado de que aquele ovo não era dela e que, não sendo um ovo de pata, demoraria mais para eclodir. Não, o Pato Obstetra é um pato muito ocupado.
Ele mede o ovo, escuta o foco e constata que o ovo não está dando nenhum sinal de que irá se quebrar. Ele terá de marcar uma cesárea.
- Mas, Dr. Pato, não seria melhor aguardar mais um pouco?- indaga Mamãe Pata, muito triste.- É muito arriscado, minha senhora- afirma o Pato Obstetra.
Ele ia dizer que o patinho poderia se enrolar no cordão, mas lembrou a tempo que ovo não tem placenta.
- O patinho pode passar da hora de nascer ou fazer cocô dentro do ovo. Isso teria conseqüências terríveis!- Eu poderia ajudar bicando o ovo por fora- tenta Mamãe Pata. - Eu sempre fiz isso.- Nem pense nisso, minha senhora. A senhora já provou a sua incompetência ao botar um ovo que não se eclode espontaneamente. Não faça mais nenhuma besteira!
E marca a cesárea para o dia seguinte, às 12 horas. E deixa a Mamãe Pata tão triste que ela até se esquece de chocar o ovo, convencida que está de sua ineficiência. O ovo teria eclodido naquela noite, mas sem o calor maternal de Mamãe Pata, isso não ocorre.
No dia seguinte, o Pato Obstetra realiza a cesárea. Imagino a cara do infeliz ao dar de bico com aquela criatura pescoçuda e desengonçada!
Uma outra hipótese: a cesárea está marcada às 12 horas do dia seguinte. Mamãe Pata, muito amuada deita-se sobre seu ovo, por puro instinto. Então, ela escuta um "toc toc" muito baixinho - é o ovo que começa a eclodir! Mamãe Pata já conhece aquilo muito bem, afinal é mãe de nove patinhos.
Mas o Pato Obstetra a deixou tão convencida de que aquele ovo não iria abrir espontaneamente que ela se apavora. Sai desesperada em busca do Pato Obstetra. O Pato Obstetra vem, sonolento, lamentando não ter feito a cesárea no dia anterior. Ele examina o ovo e tira uma triste conclusão (para ele): o ovo está começando a eclosão agora e provavelmente vai levar a noite inteira até que o processo se complete.
Então ele tem uma idéia brilhante, tão brilhante que ele se admira de nunca ter pensado nisso antes:- Mamãe Pata, precisamos fazer a cesárea urgente. O patinho está com o cordão enrolado no pescoço!- Que cordão? -estranha Mamãe Pata.- Isso não importa agora- desconversa o Pato Obstetra. -É caso de vida ou morte!E põe-se a bicar freneticamente o ovo até livrar o patinho de sua casca. E dá de bico com aquela criatura pescoçuda e desengonçada!
Somado à estranheza habitual que seu aspecto causa no galinheiro, o Patinho Feio ainda tem de lidar com a prematuridade a que foi submetido. Frágil, vira alvo ainda mais fácil das aves do galinheiro. Mamãe Pata, agora inteiramente convencida de que seu corpo é incapaz de gerar um ovo perfeito, dependerá eternamente do Pato Obstetra para abrir todos os ovos de suas próximas ninhadas.
Seu sentimento de culpa por não ter pedido a cesárea antes a impede, ainda, de expulsar o Patinho Feio do galinheiro. Por isso, ele jamais encontrará com sua verdadeira mãe e nunca saberá que é um cisne.
E o Pato Obstetra vive feliz para sempre. Muito famoso e respeitado, afinal todas as patas da região dependem completamente dele para abrir os seus ovos.
Todas temem que seus patinhos demorem a nascer ou que o cordão enrole no pescoço (que cordão? bem, não importa). Ouvem-se histórias terríveis de patinhos que nasceram com o pescoço de 2 metros de comprimento porque suas mães esperaram a eclosão espontânea dos ovos.
Dra. Cristiane Rodrigues, Ginecologista
e Obstetra, São Caetano do Sul, SP
Clcr2000@aol.com